quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Amor a primeiro... Sorriso ?


    Era a quinta menina a me cantar aquele domingo, na boate mais famosa de Los Angeles. Era loira, usava um vestido curto do tipo tomara-que-caia vermelho, media um metro e sessenta talvez, 20 anos... Usava uma corrente fina de ouro, e estava com um batom rosa bem chamativo. Aparentava ter bebido algumas, e como eu já havia bebido todas, resolvi corresponder à cantada.
    Ela me levou para um cômodo mal-iluminado, onde não havia ninguém. Havia uma mesa no centro, alguns sofás e poltronas, e alguns quadros bizarros também. Admito que fiquei assustado com aqueles quadros, pois tinha certeza que um deles havia piscado para mim, mas como eu disse, eu já tinha bebido todas !
    A garota então, me jogou no sofá mais próximo e sentou em meu colo. Começou a me beijar, usar suas mãos bobas, e então desabotoou minha camisa bem lentamente, começando de cima. Tirou-a de mim, e começou passar a mão por todo meu corpo suado. Foi descendo, descendo e descendo até chegar no caminho da perdição e desabotoar minha calça.
    Bom, vou poupar vocês dos detalhes, não precisam saber muita coisa. O que importa é que naquela noite, peguei o número dela. Seu nome era Kate.


 
    Naquela noite, peguei o número dele. Peter era um cara bonitão, um metro e oitenta talvez. 25 anos... Barba mal feita, moreno, usava uma camisa de botões preta, uma calça jeans justa e um sapato preto. Tinha um sorriso incrível que me encantou a primeira vez que vi, e foi esse seu sorriso que me motivou a dar aquela cantada naquela noite, ele estava conversando com o Barman e rindo...
    Cheguei no barzinho, pedi um Sex on the Beach ao Barman, e disse para Peter o quanto ele era bonito e gostoso naquela roupa. Naquele mesmo momento ele também me elogiou, e então eu o peguei pelo braço e o levei para a área VIP da boate. Joguei-o no sofá, então comecei desabotoar sua camisa, passar a mão por seu corpo suado depois de beijá-lo, então cheguei até a calça e comecei a desabotoá-la também.
    Vocês não precisam saber do resto... No outro dia cheguei na faculdade cedo, estava na ressaca, o cabelo todo bagunçado pois acordei dez minutos antes do meu horário, então não tinha tempo para fazer muita coisa. Contei para minhas amigas Tiffany e Anne sobre minha noite de domingo, e então elas perguntaram:
- Você transou com Peter Stanley ?
- Quem ? - Perguntei.
- Peter Stanley ! O cara mais gato do quinto ano... Você está no segundo ano, francamente, como você não o conhece ? - Perguntou Tiffany inconformada.
    Mas então chegou meu horário de entrar para a classe, aliás, eu não iria me tornar uma médica conversando sobre o cara que eu transei ! Então entrei para a classe, e meu professor estava nos explicando os músculos da perna. Eram tantos detalhes, eu não sabia por onde começar a estudar para as provas finais.



    Na segunda feira, cheguei na faculdade, e dei de cara com meus amigos Ariel, Erik e Frank.
Ariel e Frank vieram em minha direção sorrindo para mim e dizendo o quanto eu estava bem de situação !
- Como assim bem de situação ? - Perguntei sem entender
- Pegando Kate do segundo ano, hein garanhão ? - Disse Frank rindo para Ariel.
- Kate do segundo ano ? Vocês estão falando que a menina que fiquei ontem na balada estuda aqui ? - Perguntei surpreso.
- Claro ! Seu nome é Kate Lynch. É a mina mais gostosa do segundo e terceiro ano ! Suas amigas são quase como ela... Arranja elas aí para gente, Peter ! - Disse Ariel.
- Ela está na aula agora, na saída te levamos até ela, garanhão ! - Disse Erik.
    Então na saída da aula, meus amigos me levaram até a classe do segundo ano, e lá estava ela com o cabelo desarrumado, uma camiseta branca e calça jeans, tênis all star branco... Enquanto eu estava com uma camiseta verde limão, bermuda jeans escura e chinelos. Ela estava falando com duas garotas, acho que são as amigas a quem Ariel se referia.
- An... Oi, Kate ! - Eu disse, nervoso.
    No que eu estava pensando ? Oi Kate? Sério ? Eu transei com a garota, e chego nela dizendo OI ?
- Ah, olá Peter ! Como você está ? - Respondeu Kate com as bochechas vermelhas.
- Estou bem, aliás de ressaca ainda..
- Também estou com uma dor de cabeça chata. - Disse Kate tentando arrumar seu cabelo.
- Quer sair e tomar um café ? - Eu a convidei.
- Quero dizer, ouvi falar que ajuda com dor de cabeça.
- Claro, vamos...
- Depois falo com vocês, meninas ! - Disse ela às duas amigas.
    Elas concordaram e acenaram com um sorriso desconfiado no rosto.



    Bom, na saída da aulas eu estava conversando com as meninas sobre Peter, até que Anne olhou para mim e disse:
- Ele está vindo !!
- Não brinca ! O que eu faço agora ??? - Perguntei desesperada
- Aja naturalmente, finja que não sabe de nada. - Disse Tiffany tentando me acalmar.
    Senti uma mão em meu ombro e então ouvi a suave voz de Peter dizendo:
- An... Oi, Kate !
    Então virei para trás:
- Ah, olá Peter ! Como você está ?
    Não sei no que estava pensando..! O cara que eu estou afim me chama e eu respondo "Olá, como vai você ?" Quero dizer, que tipo de pessoa faz isso ? Então ele me convidou para tomar um café depois de termos dito que ainda estávamos de ressaca. Fomos até a cafeteria mais próxima e tomamos um café, conversamos sobre nossas vidas, nos conhecemos mais e mais... E quando levantei para ir embora, ele levantou também e demos um abraço de despedida. Mas o que acontece é que não era somente um abraço, quando nos desencostamos, virei de costas e saí pela porta... Então senti algo agarrar meu braço e quando virei, senti algo beijando minha boca, então abri os olhos e vi que era Peter.



                                           



    Saímos da cafeteria, então criei coragem, e antes que me arrependesse de minha escolha, agarrei Kate pelo braço, virei-a para mim e comecei a beijá-la. Seus lábios tinham sabor de framboesa, acho que era o gloss que ela estava usando. Eram quentinhos e macios como um travesseiro, então abri os olhos lentamente, e olhei profundamente nos dela... Eram verdes, sua pupila estava um pouco dilatada, e lá no fundo eu conseguia perceber algo... Ainda era um mistério, mas eu sabia que era algo que me afetaria de alguma forma... De forma boa.
    Ficamos pelo menos 50 segundos nos beijando, os pedestres paravam em volta da gente e começavam a aplaudir.
    Então finalmente soltei seu braço, ela se virou e foi embora, deixando um grande vazio dentro de mim... Eu sabia que ela voltaria, mas nunca é bom dizer um tchau. Me virei e havia pelo menos duas dezenas de pessoas olhando para mim. Saí por um canto da calçada, ainda pensando naquele beijo, então fui pelo caminho onde Kate havia ido. Não estava seguindo ela, mas meu apartamento era naquele rumo, dois quarteirões para trás da cafeteria.
    Cheguei em casa, tudo estava em silêncio. Fui na cozinha, não havia ninguém, no meu quarto também não. Então fui ao meu quarto, joguei minha mochila no canto, e então escutei um barulho vindo do quarto do meu irmão, James. Fui até lá ver o que havia causado o barulho, e me deparei com a cena de James deitado na cama em posição fetal chorando. Corri desesperado em sua direção, sentei na beira da cama e comecei a chorar, tentando falar com ele, tentando perguntar o que havia acontecido.
    O que acontecia é que meu irmão James tinha acabado de terminar com sua namorada, que até então eu nem sabia que existia. Ele nunca havia me contado sobre ela, eu nem se quer sabia que ele estava saindo com alguém.
- Ela terminou comigo, disse que está apaixonada por outro garoto... - Disse James chorando mais do que quando cheguei no quarto.
- Meu Deus ! Por que você nunca tinha me contado que tinha uma namorada ? - Perguntei.
- Não sei, quero dizer, ainda era meio segredo isso... Ninguém sabia que estávamos namorando. - Disse James enxugando as lágrimas do rosto, e sentando-se na cama ao meu lado.
- Mas você sabe, irmão, que pode contar comigo para o que quiser r precisar ! - Disse eu colocando meu braço em volta de seu pescoço. Quem é ela ?
- Kate Lynch. Segundo ano de faculdade do seu colégio ! Você conhece ela ?
    Naquele momento meu coração disparou, eu não sabia o que fazer, não sabia o que sentir. Não sabia se ficava feliz por descobrir que ela gostava de mim, ou se ficava mal por ela ter terminado com meu irmão por isso, ou se ficava bravo por que meu irmão estava pegando ela. No final, acabei sentindo culpa, mas resolvi mentir para não deixar meu irmão pior do que estava.
- Na verdade não conheço, Jamy ! (era assim que eu o chamava) - Menti.
- Olha pra mim, vai ficar tudo bem mano ! Você vai superar essa, não precisa dela.



    Depois do beijo, fui para casa, que ficava há duas milhas dali. Andando, me lembrei que estava saindo com um cara... James. Mas eu estava afim mesmo era de Peter, e eu não podia ficar com duas pessoas ao mesmo tempo... Liguei para James e disse que não daria mais certo o nosso relacionamento, pois havia conhecido um cara na faculdade, e que estava gostando dele. Fui gentil até onde consegui ser, não queria machucar meu namorado... Aliás, ex namorado.
    Ele desligou o telefone na minha cara, e então continuei andando até em casa, com a consciência pesada. As ruas estavam movimentadas, um cheiro de fumaça insuportável ! Eu estava me afogando, não conseguia aguentar. Então entrei em uma loja de tecidos que tinha na Coffe Avenue (Avenida do café), e pedi um copo de água à atendente. Tomei a água e respirei um pouco o ar de dentro da loja, então criei coragem e saí pela porta da frente. Continuei andando até meu telefone tocar, então abri minha mochila e comecei a procurá-lo... Era Peter.
- Kate ? - Disse ele com uma voz irritada.
- Oi Peter ! O que houve ? - Perguntei
- Kate ! Por que você não disse que já namorava ? - Perguntou ele em N tom de sussurro.
- An... É que eu terminei com ele agora por sua causa, como você sabia e por que está sussurrando ?
- James é meu irmão, Kate. Cheguei em casa e ele estava na cama em posição fetal chorando, e ainda está. Estou sussurrando pois menti pra ele ao dizer que não te conhecia !
- Ah, Peter ! Eu juro, eu não sabia... Não fazia ideia ! - Disse eu, agora com a consciência pior ainda.
    Naquele momento Peter desligou o telefone em minha cara. Eu continuei andando para casa, mas dessa vez senti algo escorrer por meu rosto, e quando me dei conta eu estava chorando.



    Saí de casa para arejar um pouco a cabeça... Estava andando sem rumo pelas ruas, escutando Elvis Presley em meu MP3, com meu velho fone de ouvido azul, do qual eu nunca enjoava. Aquele dia eu andava distraído, quase fui atropelado algumas vezes. Já estava anoitecendo, eram sete horas da noite e eu estava longe de casa. Era perigoso andar todo o trajeto de volta esse horário, então fui até a casa de Ariel, que ficava um quarteirão à frente do lugar onde eu estava localizado. Toquei a campainha, ele atendeu e foi me receber na porta. Contei para ele toda a situação pela qual eu estava passando, e o quanto eu estava me sentindo mal por isso... Pedi opiniões, pedi soluções, mas Ariel não era bom em conselhos... Bem, ficamos conversando até uma certa hora, depois fomos jogar vídeo-game para descontrair um pouquinho, para me distrair. Ficamos jogando até mais ou menos uma hora da manhã, até que o sono bateu e resolvemos deitar para dormir. Ariel me ofereceu sua cama de casal, mas eu não queria tirar ele do conforto de sua própria casa, então nós dividimos a cama. Dormimos a noite toda feito anjos.
    Acordei já passava das dez horas. Levantei da cama sem fazer barulho, e saí pela porta, fechando ela silenciosamente. Saí pela porta da frente, o mesmo lugar que entrei, então andei de volta para casa. A rua aquela manhã estava tranquila, sem movimento, haviam poucos carros e eu conseguia sentir um ar não tão poluído quanto o de ontem. Coloquei meu fone de ouvido, entrei nas playlists do meu MP4, e coloquei para tocar pop dos anos 50. Então fui andando para casa.
    Chegando em meu prédio, subi o elevador e abri a porta do meu apartamento no 5º andar. Entrei em casa e meu irmão ainda estava dormindo, olhei para o relógio e eram onze horas. Eu tinha algumas tarefas pra fazer. Era terça-feira, eu não havia ido para a faculdade, então resolvi sentar em minha escrivaninha e começar a fazer todos os deveres atrasados que eu tinha de entregar. Havia um seminário sobre todas as partes do cérebro, era a parte mais difícil das lições que eu tinha que fazer para quinta-feira.
    Meu irmão acordou ao meio dia, foi até meu quarto para conversarmos sobre o assunto de ontem. Eu não aguentando mais ouvir sobre aquilo, por conta da minha consciência, resolvi contar a verdade.
- Olha, Jamy... Tenho que te contar a verdade ! Kate... Kate te largou pois ela está afim de mim !
    Então James olhando em meus olhos começou a chorar e eu comecei a chorar também. Ele levantou da minha cama, começou a me xingar de todos os nomes possíveis, e me fez sentir a pessoa mais horrível desse mundo. Não que eu já não estivesse sentindo isso, mas ele fez a coisa piorar. Então ele saiu correndo pela porta, puxou a porta com força e fez um estrondo que tremeu o quarto inteiro. Então eu resolvi fazer uma coisa mais certa ainda ! Liguei para Kate aquele minuto, então disse que eu não podia ficar nessa situação com meu irmão.
- Olha, Kate... Não dá ! Não posso ficar assim com meu irmão, e com você também não. Vamos ter que terminar uma coisa que nem começamos direito.
    Quando eu disse isso um silêncio forte predominou aquele momento.



    Quando cheguei no meu apartamento, não tinha nada que pudesse me deixar para cima. Tentei assistir ao jornal, ao programa de culinária... Mas nada conseguia me alegrar. Tentei até cozinhar, que era uma das coisas que eu mais gostava de fazer. Cozinhei um bolo de chocolate, mas ele ficou todo queimado, então nem isso deu certo para mim aquele dia. Resolvi deitar e dormir.
    Bem, acordei no outro dia por volta das nove horas. Tomei o café que minha mãe tinha deixado para mim, e comi um pedaço do meu bolo de chocolate queimado e comi um waffle com mel. Fiquei estudando para minha última prova do ano até as onze e dez, que foi quando meu celular tocou. O toque era uma música dos Beatles,e eu sempre gostava de ficar ouvindo a música tocar por um tempo antes de atender, mas dessa vez não.
    Era Peter quem estava ligando, esse momento foi o momento mais feliz da minha manhã ! Bem, até eu saber do que se tratava a ligação. Peter dissera que não conseguia viver daquele jeito com seu irmão, ele estava muito mal mesmo ! Então ele terminou comigo. Aquilo para mim foi o fim. Eu estava realmente afim dele, e ele disse que iriamos terminar  uma coisa que nem começamos direito. Então eu desliguei o telefone na cara dele e comecei a chorar, chorei oceanos no meu quarto. Nunca tinha me apaixonado tanto por alguém assim em três dias ! Pareciam três anos !! Eu não sei o que estava acontecendo comigo.
    Então parei pra pensar... Eu estava com alguém há um dia atrás... Nós estávamos juntos há um mês e eu terminei um relacionamento assim por causa de uma pessoa que conheci há três dias. Meu relacionamento era com o irmão do Peter, o James. Resolvi ligar para James naquela tarde.



    Ela desligou o telefone na minha cara, então resolvi ir falar com James que estava em seu quarto chorando mais do que nunca. Bati em sua porta, e abri, mas ele não teve nenhuma reação positiva sobre isso.
- Jamy... eu...
- Jamy não, é James para você ! - Retrucou James
- James... Certo ! Olha, James... Eu liguei para Kate e...
- Você ainda tem coragem de falar sobre ela na minha frente ? Que tipo de irmão você é ? - James gritou
- Deixa eu terminar, mano ! Liguei para ela e disse que eu não poderia nunca viver assim com você, meu irmão. Então terminei com ela.
- Sério ? Você fez isso por mim ? - James olhou para mim com lágrimas escorrendo por seus olhos
- Nunca nesses meus 20 anos de vida alguém havia feito isso por mim, nem você, Peter.
- É claro que eu fiz, sou seu irmão, você é meu irmão... Não posso te ver assim nunca ! Quando te vejo assim é como se eu estivesse dessa maneira também !
    Naquele momento James abriu um sorriso, e então levantou de sua cama e veio em minha direção. O melhor abraço que eu já tinha recebido na minha vida acabara de acontecer naquele quarto. Eu retribuí o abraço, como qualquer pessoa faria em meu lugar.
    Então o telefone de James tocou. Ele atendeu e começou a falar...
- Hm, alô ?
    James colocou no viva voz para eu também escutar a conversa...
- Alô, James ! Sou eu, Kate. Olha, seu irmão não está por perto, está ? - Perguntou ela
- Huh... Não. - Mentiu James olhando pra mim quando eu fazia um gesto negativo com a cabeça.
- Certo - Disse ela. - Eu queria me desculpar por terminar com você desse jeito, mas acontece é que eu terminei com ele, sabe ? Ele é um panaca ! Então queria saber se você não quer... Voltar comigo ?
- An... Eu agradeço muito por você ter ligado, mas na boa, vai se foder. Não vou fazer isso com meu irmãozão ! Beijos, Kate, até nunca mais !
    Fiquei muito emocionado quando ouvi aquilo. Eu nunca imaginaria meu irmão fazendo isso com uma garota, ainda mais a garota que ele amava. Então o abracei por pelo menos 50 segundos depois disso, não foi como o anterior, mas chegou bem perto !
    Então assim, eu e James voltamos à nossa rotina normal... Eu ia pra faculdade de Medicina, ele ia pra faculdade de Biologia... E Kate ? Bem, Kate tentou falar comigo na faculdade, mas dei um pé na bunda dela de vez !





               Isso era pra ser uma história de romance, mas percebi que quando o romance não vale a pena, precisamos em primeiro lugar, ficar do lado das pessoas que conhecemos a nossa vida inteira, e deixar as coisas menos importantes para depois. :D

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